quarta-feira, 6 de junho de 2012

São Tantas Unções...



São tantas Unções*...

“Unção da Loucura”, “Unção do Leão”, “Unção do Retetê”, “Unção do Riso”, “Unção dos Quatro Seres”, “Unção Nova”, “Unção Financeira”, “Unção Profética”, “Transferência de Unção”, “Unção de Ousadia”, “Unção de Conquista”, “Unção de Multiplicação”... Ufa! São tantas unções!
A Palavra de Deus nos dá margem para acreditarmos, pregarmos ou buscarmos todas estas “Unções”? Existem, verdadeiramente, estas “Unções”? Se não existem, qual é a verdadeira Unção?
Para respondermos às perguntas acima, precisamos, antes de tudo, entendermos o que é Unção, como era a Unção no Antigo Testamento e qual é a Unção dos servos de Deus, na Nova Aliança.
O que é Unção?
Unção é ungir com óleo ou com unguento, assim é definido o termo no dicionário. Mas e a Unção bíblica, a qual estamos tratando? É a mesma coisa. Só que esta Unção bíblica vem carregada de simbolismos.
Como era a Unção no Antigo Testamento
A Unção bíblica, no Antigo Testamento, tinha o objetivo de consagrar algo ou alguém para o serviço ao Senhor. O óleo ou azeite era um símbolo, representando a ação do Espírito Santo, separando, santificando, para uso exclusivo de Deus. Assim sendo: havia objetos que eram ungidos para uso exclusivo nas cerimônias direcionadas a Deus. Esses objetos eram santificados, isto é, separados, mediante a Unção, para o “serviço” de Deus. Vejamos abaixo versículos bíblicos que nos mostram objetos sendo ungidos:
Faça com eles o óleo sagrado para as unções, uma mistura de aromas, obra de perfumista. Este será o óleo sagrado para as unções. Use-o para ungir a Tenda do Encontro, a arca da aliança, a mesa e todos os seus utensílios, o candelabro e os seus utensílios, o altar do incenso, o altar do holocausto e todos os seus utensílios, e a bacia com a sua base. Você os consagrará e serão santíssimos, e tudo o que neles tocar se tornará santo.” (Êxodo 30.25-29)
Havia também, é claro, a Unção de pessoas para o serviço de Deus. 
Neste momento se faz necessário entendermos que dentro da revelação progressiva de Deus ao homem, o Espírito Santo ainda não habitava o homem, mas era dado em “porções” que capacitavam o servo de Deus para uma obra específica. Por exemplo: Saul foi ungido rei sobre Israel:
Então Samuel apanhou um jarro de óleo, derramou-o sobre a cabeça de Saul e o beijou, dizendo: "O Senhor o tem ungido como líder da herança dele.” (1 Samuel 10.1)
Davi também foi ungido rei sobre Israel:
Samuel então apanhou o chifre cheio de óleo e o ungiu na presença de seus irmãos, e a partir daquele dia o Espírito do Senhor apoderou-se de Davi. E Samuel voltou para Ramá.” (1 Samuel 16.13)
Além da Unção de rei, havia também a Unção para o sacerdócio. Arão e seus filhos foram ungidos para exercerem esse ofício:
Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desceu sobre a barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes.” (Salmos 133.1, 2)
São esses os nomes dos filhos de Arão, que foram ungidos para o sacerdócio e que foram ordenados sacerdotes.” (Números 3.3)
Outra Unção citada no Antigo Testamento é a Unção de profeta. Deus ordenou que Elias ungisse Eliseu, como profeta, em seu lugar:
O Senhor lhe disse: "Volte pelo caminho por onde veio, e vá para o deserto de Damasco. Chegando lá, unja Hazael como rei da Síria. Unja também Jeú, filho de Ninsi, como rei de Israel, e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, para suceder a você como profeta.” (1 Reis 19.15, 16)
E as “Unções” citadas no início do texto, onde elas se enquadram? Bem...
Creio que essas “Unções” surgiram na cabeça de pessoas que teimam em fazer interpretações particulares da palavra de Deus. Em que versículos eles se basearam? Em nenhum, pois a Bíblia não fala nada a respeito daquelas “Unções”. Infelizmente, estamos vivendo dias em que as supostas experiências pessoais estão substituindo o estudo e a meditação na Palavra. Vejo também, nesses movimentos, uma tentativa de “materializar” a fé!
Não há dúvida, pois assim a Palavra nos mostra, que o povo de Israel, dentro da citada revelação progressiva de Deus, tinha todo um sistema de simbolismos baseados em objetos e cerimônias, ordenados por Jeová. Mas, segundo a própria Palavra, todo aquele cerimonial perdeu o seu uso, em virtude da vinda de Cristo para estabelecer uma nova fase da revelação de Deus ao homem, através da Nova Aliança.

Agora, porém, o ministério que Jesus recebeu é superior ao deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores.” (Hb 8.6)
Chamando "nova" esta aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer.” (Hb 8.13)

Nessa Nova Aliança, o Espírito Santo não é dado em “porções”, mas vem nos habitar, fazer do salvo a sua morada! É Deus habitando dentro de nós! Esta é a verdadeira Unção! Não precisamos mais de óleos, azeites ou unguentos para representar o Espírito Santo, pois este, agora, habita por completo o nosso ser! É Ele quem nos santifica! É Ele quem nos separa! Aleluias!

E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vocês.” (Rm 8.11)

Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos?” (1 Co 6.19)

Mas vocês têm uma unção que procede do Santo, e todos vocês têm conhecimento.” (1 Jo 2.20)
Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele como ele os ensinou.” (1 Jo 2.27)

Só existem dois casos na Nova Aliança, em que somos ordenados a representar coisas espirituais com coisas materiais: na Ceia e no Batismo! Fora esses dois casos, não encontramos respaldo bíblico para “materializar” aquilo que é espiritual!

Parece que os homens têm a necessidade de “ver para crer”! É nesse contexto, no qual está inserido o ato de “Ungir”, que vemos também os “lencinhos”, as “fitinhas no pulso”, a “água do rio Jordão”, a “passagem pelos sete arco-íris”, as “pedrinhas do monte Horebe” e por aí vai... A simples fé nos atos perfeitos do Pai já não basta...

Para encerrar gostaria de destacar dois fatos que tomei conhecimento nesta semana:
1)     Um texto** da escritora Rebeca Brown no qual ela escreve que o Espírito Santo disse a ela que desde a morte de Jesus não há mais sacrifícios de sangue, mas que o equivalente ao sangue, hoje, é o óleo da Unção. Por isso ela, para expulsar espíritos que a atormentavam, tinha por hábito ungir a própria casa.

Viram o absurdo! Como pode uma pessoa dita cristã afirmar que o Espírito Santo disse a ela que um simples óleo é equivalente ao sangue de Cristo?

2)    Um vídeo em que a cantora Alda Célia unge várias partes do corpo da, também cantora, Ana Paula Valadão. Há tantos erros ali expressos, que para refutá-los um por um, seria necessário outro texto bem maior que este.

(Alda Célia ainda afirma que o óleo tem a mesma composição do óleo usado para ungir os sacerdotes do Antigo Testamento. Segundo a Palavra de Deus, ela deveria ser “eliminada do meio do povo”, pois: Diga aos israelitas: Este será o meu óleo sagrado para as unções, geração após geração. Não o derramem sobre nenhum outro homem, e não façam nenhum outro óleo com a mesma composição. É óleo sagrado, e assim vocês devem considerá-lo. Quem fizer óleo como esse ou usá-lo em alguém que não seja sacerdote, será eliminado do meio do seu povo". (Ex 30.31-33))

Fiquemos apenas em um dos absurdos: Alda Célia afirma que o Espírito Santo disse a ela que ungisse seus filhos! Por favor... Acho que as pessoas deveriam pelo menos ter a sinceridade de dizer que "foi uma ideia que ela teve". "Que acham legal ungir os filhos". "Que creem que a unção com óleo realmente tem efeito", etc. Por que têm sempre que afirmar que foi o “Espírito Santo que disse ou ensinou”? Rogo pelas misericórdias de Deus: não façam isso! A nossa mente e nosso coração são falhos, e por vezes nos enganam! A única regra de fé e prática que temos é a Santa Palavra do Senhor! Não ensinem aquilo que a Palavra não ensina! Como o Espírito Santo poderia ensinar alguém a santificar seus filhos com óleo, se é o próprio Espírito quem santifica?
Mas alguém poderia afirmar: “É só um simbolismo!”. O problema é que esse simbolismo foi abolido pela Lei de Cristo! Não há mais simbolismos na Nova Aliança (exceto os já citados: Batismo e Ceia).
Orem pelos seus filhos! Imponham as mãos sobre eles! Deus fará a obra. Deus não precisa de simbolismos para agir!
           
            “Tudo o que na Bíblia não se lê, nem por ela se pode provar.” (39 Artigos da Religião, VI)

Quem quiser avançar mais no assunto, sugiro a leitura dos seguintes textos, encontrados nos links:



*Usei a palavra “unção” com letra maiúscula, neste texto, para destacá-la como representativa de algo sobrenatural da parte de Deus, e não como algo comum.
** “Prepare-se Para a Guerra” página 68 - Editora Danprewan