São tantas Unções*...
“Unção
da Loucura”, “Unção do Leão”, “Unção do Retetê”, “Unção do Riso”, “Unção dos
Quatro Seres”, “Unção Nova”, “Unção Financeira”, “Unção Profética”, “Transferência
de Unção”, “Unção de Ousadia”, “Unção de Conquista”, “Unção de Multiplicação”...
Ufa! São tantas unções!
A
Palavra de Deus nos dá margem para acreditarmos, pregarmos ou buscarmos todas
estas “Unções”? Existem, verdadeiramente, estas “Unções”? Se não existem, qual
é a verdadeira Unção?
Para
respondermos às perguntas acima, precisamos, antes de tudo, entendermos o que é
Unção, como era a Unção no Antigo Testamento e qual é a Unção dos servos de
Deus, na Nova Aliança.
O
que é Unção?
Unção
é ungir com óleo ou com unguento, assim é definido o termo no dicionário. Mas e
a Unção bíblica, a qual estamos tratando? É a mesma coisa. Só que esta Unção
bíblica vem carregada de simbolismos.
Como
era a Unção no Antigo Testamento
A
Unção bíblica, no Antigo Testamento, tinha o objetivo de consagrar algo ou
alguém para o serviço ao Senhor. O óleo ou azeite era um símbolo, representando
a ação do Espírito Santo, separando, santificando, para uso exclusivo de Deus.
Assim sendo: havia objetos que eram ungidos para uso exclusivo nas cerimônias
direcionadas a Deus. Esses objetos eram santificados, isto é, separados,
mediante a Unção, para o “serviço” de Deus. Vejamos abaixo versículos bíblicos
que nos mostram objetos sendo ungidos:
“Faça com eles o óleo sagrado para as unções, uma mistura de aromas,
obra de perfumista. Este será o óleo sagrado para as unções.
Use-o para ungir a Tenda do Encontro, a arca da aliança, a mesa e todos os seus utensílios, o candelabro e
os seus utensílios, o altar do incenso, o altar
do holocausto e todos os seus utensílios, e a bacia com a sua base. Você os consagrará e serão santíssimos, e tudo o que neles tocar se
tornará santo.” (Êxodo 30.25-29)
Havia
também, é claro, a Unção de pessoas para o serviço de Deus.
Neste momento se
faz necessário entendermos que dentro da revelação progressiva de Deus ao
homem, o Espírito Santo ainda não habitava o homem, mas era dado em “porções”
que capacitavam o servo de Deus para uma obra específica. Por exemplo: Saul foi
ungido rei sobre Israel:
“Então Samuel apanhou um jarro de óleo, derramou-o sobre a cabeça de
Saul e o beijou, dizendo: "O Senhor o tem ungido como líder da herança dele.” (1 Samuel
10.1)
Davi
também foi ungido rei sobre Israel:
“Samuel
então apanhou o chifre cheio de óleo e o ungiu na
presença de seus irmãos, e a partir daquele dia o Espírito do Senhor
apoderou-se de Davi. E Samuel voltou para Ramá.” (1 Samuel 16.13)
Além
da Unção de rei, havia também a Unção para o sacerdócio. Arão e seus filhos
foram ungidos para exercerem esse ofício:
“Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos
vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desceu sobre a
barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes.” (Salmos
133.1, 2)
“São
esses os nomes dos filhos de Arão, que foram ungidos para o sacerdócio e que foram ordenados
sacerdotes.” (Números 3.3)
Outra Unção citada no Antigo Testamento é a Unção de profeta. Deus
ordenou que Elias ungisse Eliseu, como profeta, em seu lugar:
“O Senhor lhe disse: "Volte pelo
caminho por onde veio, e vá para o deserto de Damasco. Chegando lá, unja Hazael
como rei da Síria. Unja também Jeú, filho de Ninsi, como rei de Israel, e unja
Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, para suceder a você como profeta.” (1
Reis 19.15, 16)
E as “Unções” citadas no início do texto, onde elas se enquadram?
Bem...
Creio que essas “Unções” surgiram na cabeça de pessoas que teimam
em fazer interpretações particulares da palavra de Deus. Em que versículos eles
se basearam? Em nenhum, pois a Bíblia não fala nada a respeito daquelas “Unções”.
Infelizmente, estamos vivendo dias em que as supostas experiências pessoais
estão substituindo o estudo e a meditação na Palavra. Vejo também, nesses
movimentos, uma tentativa de “materializar” a fé!
Não há dúvida, pois assim a Palavra nos mostra, que o povo de
Israel, dentro da citada revelação progressiva de Deus, tinha todo um sistema
de simbolismos baseados em objetos e cerimônias, ordenados por Jeová. Mas,
segundo a própria Palavra, todo aquele cerimonial perdeu o seu uso, em virtude
da vinda de Cristo para estabelecer uma nova fase da revelação de Deus ao
homem, através da Nova Aliança.
“Agora, porém, o ministério que Jesus
recebeu é superior ao deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador
é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores.”
(Hb 8.6)
“Chamando "nova" esta aliança,
ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido, está
a ponto de desaparecer.” (Hb 8.13)
Nessa Nova Aliança, o Espírito Santo não é dado em “porções”, mas
vem nos habitar, fazer do salvo a sua morada! É Deus habitando dentro de nós!
Esta é a verdadeira Unção! Não precisamos mais de óleos, azeites ou unguentos
para representar o Espírito Santo, pois este, agora, habita por completo o
nosso ser! É Ele quem nos santifica! É Ele quem nos separa! Aleluias!
“E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre
os mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos
também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em
vocês.” (Rm 8.11)
“Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do
Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não
são de si mesmos?” (1 Co 6.19)
“Mas vocês têm uma unção que procede do Santo,
e todos vocês têm conhecimento.” (1 Jo 2.20)
“Quanto a vocês, a unção que receberam dele
permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas, como a unção
dele recebida, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as
coisas, permaneçam nele como ele os ensinou.” (1 Jo 2.27)
Só existem dois casos na Nova Aliança, em que somos ordenados a
representar coisas espirituais com coisas materiais: na Ceia e no Batismo! Fora
esses dois casos, não encontramos respaldo bíblico para “materializar” aquilo
que é espiritual!
Parece que os homens têm a necessidade de “ver para crer”! É nesse
contexto, no qual está inserido o ato de “Ungir”, que vemos também os “lencinhos”,
as “fitinhas no pulso”, a “água do rio Jordão”, a “passagem pelos sete
arco-íris”, as “pedrinhas do monte Horebe” e por aí vai... A simples fé nos
atos perfeitos do Pai já não basta...
Para encerrar gostaria de destacar dois fatos que tomei
conhecimento nesta semana:
1) Um
texto** da escritora Rebeca Brown no qual ela escreve que o Espírito Santo
disse a ela que desde a morte de Jesus não há mais sacrifícios de sangue, mas
que o equivalente ao sangue, hoje, é o óleo da Unção. Por isso ela, para
expulsar espíritos que a atormentavam, tinha por hábito ungir a própria casa.
Viram o absurdo! Como pode
uma pessoa dita cristã afirmar que o Espírito Santo disse a ela que um simples
óleo é equivalente ao sangue de Cristo?
2) Um
vídeo em que a cantora Alda Célia unge várias partes do corpo da, também
cantora, Ana Paula Valadão. Há tantos erros ali expressos, que para refutá-los
um por um, seria necessário outro texto bem maior que este.
(Alda Célia ainda afirma que
o óleo tem a mesma composição do óleo usado para ungir os sacerdotes do Antigo
Testamento. Segundo a Palavra de Deus, ela deveria ser “eliminada do meio do
povo”, pois: “Diga
aos israelitas: Este será o meu óleo sagrado para as unções, geração após
geração. Não o derramem sobre
nenhum outro homem, e não façam nenhum outro óleo com a mesma composição. É
óleo sagrado, e assim vocês devem considerá-lo. Quem fizer óleo como esse ou
usá-lo em alguém que não seja sacerdote, será eliminado do meio do seu
povo". (Ex 30.31-33))
Fiquemos apenas em um dos
absurdos: Alda Célia afirma que o Espírito Santo disse a ela que ungisse seus
filhos! Por favor... Acho que as pessoas deveriam pelo menos ter a sinceridade
de dizer que "foi uma ideia que ela teve". "Que acham legal ungir os filhos". "Que
creem que a unção com óleo realmente tem efeito", etc. Por que têm sempre que
afirmar que foi o “Espírito Santo que disse ou ensinou”? Rogo pelas
misericórdias de Deus: não façam isso! A nossa mente e nosso coração são falhos,
e por vezes nos enganam! A única regra de fé e prática que temos é a Santa
Palavra do Senhor! Não ensinem aquilo que a Palavra não ensina! Como o Espírito
Santo poderia ensinar alguém a santificar seus filhos com óleo, se é o próprio
Espírito quem santifica?
Mas alguém poderia afirmar: “É
só um simbolismo!”. O problema é que esse simbolismo foi abolido pela Lei de
Cristo! Não há mais simbolismos na Nova Aliança (exceto os já citados: Batismo
e Ceia).
Orem pelos seus filhos!
Imponham as mãos sobre eles! Deus fará a obra. Deus não precisa de simbolismos
para agir!
“Tudo o que na Bíblia não se lê,
nem por ela se pode provar.” (39 Artigos da
Religião, VI)
Quem
quiser avançar mais no assunto, sugiro a leitura dos seguintes textos, encontrados nos links:
*Usei a palavra “unção” com letra
maiúscula, neste texto, para destacá-la como representativa de algo
sobrenatural da parte de Deus, e não como algo comum.
O ser humano tem mania de complicar tudo, voltemos ao evangelho puro e simples.
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